Sou morador da Rua Timóteo da Costa e tenho apresentado minha opinião não somente na minha comunidade, mas também publicamente na imprensa, quando possivel,  sobre a polêmica instalação da escola intitulada Espaço Educação na rua que resido.

Não ficou evidente em nenhum momento na inconveniente celeuma, que face não somente a propalada tradição da entidade - que desconhecia -  e a apreciável atividade que a distinge, tal pretensão soa tratar-se de um privilégio.


Desde do começo a principal aflição dos habitantes da região advém não pelo tipo do negocio - com toda  previsível balbúrdia que atrai – mas prioritariamente, e principalmente, no que diz respeito ao incômodo referente ao  prenunciado "impacto (no transito) restrito à vizinhança imediata" (sic).


Trata-se de uma avaliação dissociada da realidade - e verdadeira balela - já que deveria ser considerado que atualmente a Rua Timóteo da Costa  é a única maneira de acesso da maior parte da grande comunidade intitulada Alto Leblon.


Embora desconhecendo o inteiro teor do documento que contempla esta paradoxal afirmação, o alerta  impediu que minha família, além de vizinhos pelo que percebo, tenhamos uma opinião favorável ao assunto, respeitando desde de sempre o direito - segundo as normatizações vigentes da Prefeitura e os pareceres dos seus órgãos – da instalação e funcionamento de um comércio, seja ele qual for,  na propriedade alheia.


Ponto pacífico para todos envolvidos que a mudança para o imóvel pretendido - que fica localizado depois da única possibilidade de retorno na via - fará o movimento de veículos crescer numa ladeira estreita, até certo pedaço em mão dupla, com tachões separadores e redutores de velocidade, que sofre o aumento regular do tráfego - o que ocorre frequentemente a cada lançamento imobiliário na região -  onde transitam  assiduamente caminhões diversos e alguns ônibus circulares.


Não restam dúvidas de  que não somente aquele aquele trecho -  durante o período de  entrada e saída de alunos, normalmente no já saturado  horário de pico - ficará confuso.

Mais confuso que o habitual e perto do intolerável.

Compreensível em função do que se destina, e de alguma maneira suportável, afinal é comum em nossa vida citadina fazer concessões aos vizinhos, muitas vezes com condescendência que normalmente passa desapercebida, em prol da harmonia do coletivo.


Mesmo com essa  predisposição incultida o receio persistiu molestando.

A inquietação com a perspectiva do caos (e as previsíveis situações inerentes) que será estabelecido nas redondezas - na ocasião do desembarque dos alunos de veículos maiores, como as vans e ônibus, de pouca agilidade, pela falta  de largura da pista e a estreita calçada  imprensada por um imenso poste na entrada do imóvel, tornará a execução desta cotidiana tarefa tensa e complexa, bloqueando uma das pistas a cada parada de veiculo, ou as duas no caso de travessias.

Vislumbro os inúmeros veículos de transporte, parados  ou estacionados, bloqueando enfileirados a faixa de descida da via,  aguardando o final de cada turno. Para permitir que o transito flua, duas rodas avançarão calçada acima tornando impossível a passagem - seja lá do que for - no espaço  que restar.


Do mesmo modo os veículos dos funcionários e visitantes serão obrigados a estacionar nas saturadas ruas adjacentes (algumas delas de paralelepípedos) ou da forma que ocorre normalmente diuturnamente - como se assim fosse permitido - sobre o danificado calçamento das margens do canal da Avenida Visconde de Albuquerque.


Finalmente para o correto posicionamento dos veículos na única entrada do imovel (aparente antiga servidão),  na ausência de locais para os necessários retornos, serão usadas para este fim, escandalosamente, os acessos dos prédios residenciais,  obstruindo essas entradas sem  cuidado com o trafego do pedestre, muitas vezes obrigado a caminhar pela via de rolamento na ausência de alternativa.


Não há nenhuma novidade nestas predições.

Afinal estes procedimentos - verdadeiros  atos de vândalos - são comuns e do conhecimento de todos.
Institucionalizadas em todo o bairro.
Afligindo diariamente ao criar situações bizarras, onde o espaço público é  usado  irresponsavelmente, longe da preocupação com o patrimônio coletivo e muito menos com o bem estar do próximo.

Num exemplo de cidadania, embasado nesse fundamento, a Associação de Moradores legalmente constituída foi mobilizada, e de forma madura, abraçou a questão, fazendo as articulações politicas necessárias, para expor o pensamento da coletividade que representa , o que ocorreu sem grandes alardes e de certa maneira com o apoio limitado a região.
Registre-se que a Associação vem cumprindo esta tarefa muito bem, angariando perto de 1.500 assinaturas de cidadães diretamente envolvidos que tem opiniões contrarias aos interesses da instituição de ensino e divergente das de menos de 200 famílias que apregoa compor seu universo.


Após a divulgação, em 13/10,  da rala informação que a direção da escola estava atenta para alguns problemas, examinanado soluções para  minorar  transtornos,  nada mais foi dito até 25/11, quando, infelizmente, numa inapropriada declaração como a responder a principal dúvida, uma incauta funcionária afirma literalmente  que a mudança: "Vai comprometer o trânsito, mas não será desastroso" (sic) corroborando a rejeição ainda latente.

Todos conhecemos outras situações semelhantes.
Outros trânsitos “comprometidos”.
As imediações das Escola Parque; Santo Agostinho, Escola Nova e a a própria Almirante Guilhem são citadas frequentementes pelas pertubações que apresentam.
E são alguns exemplos próximos.
Péssimos exemplos.
Apavorantes !

"DESASTROSO" adj.

                  1. Que causa ruína, perda ou desgraça.

                2. Funesto, desgraçado.

              3. Péssimo..

Não será para quem ?

Para - e agora ouso sem representação falar em nome de meus vizinhos - a comunidade que aqui reside ?


Uma comunidade que buscou exercer seu direito de cidadão de forma realmente digna, transparente e responsável, que se iguala a qualquer outra quando procura preservar seu entorno das mazelas que assolam todo seu território e que por esta defesa, como se merecesse punição,  passa a ser execrada.


Surpreendentemente, de repente,  chegamos na triste situação de verdadeiro antagonismo.


Verdades parciais sao ditas.
Ofensas infundadas lançadas.


"...não vamos deixar fecharem nosso colégio!"

"...tem mais gente lutando para manter o colégio aberto do que querendo fecha-lo."


Palavras inflamam.
Acirram divergências.
Ferem.

Carece o entendimento que não fui eu que comprei a casa ou estou despejando a escola.
Não fiz, ou tenho parte, de um negócio  que afigura-se mal feito.
Não mereço ser  publicamente responsabilizado por "pais desesperados".  
Não posso ter impingida culpa de "crianças tristíssimas" porque não foi explicado, o que poderia definir no meu entendimento, entre tantos outros conceitos, do que se trata justiça.


Incrível que culmine com insultos públicos, que atingem pessoalmente, tachando-me  de "elitista" e "individualista", termos que carregam uma clara conotação preconceituosa, totalmente injusta.


Não há justificativa moral alguma para ofensas contra o modo de ver, de compreender divergente, e fazer a defesa daquilo que acredita-se como verdadeiro.

Feia atitude de uma "instituição de ensino", fomentando cizanias desnecessárias, não reconhecendo como legitima a manifestacão - numericamente expressiva – de uma comunidade que  com sua união e precisa argumentação,  detém aquilo que refere-se a  indisfarçável pretensão mercantilista .

Lamento - que de maneira transversa  - entenda existir dificuldade de percepção na dimensão do repúdio ao gesto dessa organização que "se diferencia de outras escolas por não ensinar, pelo menos de uma forma clara, as "diciplinas" de Geografia e História" (sic)*  presume possuir  liberdade para se arvorar e apresentar, na falta de argumentos concretos,  alguns vagos, singelos e irrelevantes motivos,  recheados de frases feitas  como  "aumento da qualidade de vida do bairro e a sua (da escola) importância para manter o Rio como capital da cultura do nosso país"  intentando justificar, de maneira tosca e insustentável, seus objetivos. Extrapola  ignorância que de maneira alguma deveria impedir o reconhecimento de quanto é  desprezível usar insultos e  menosprezo para impingir sua vontade.

A ocasião é oportuna para alertar que a atitude transmite um entendimento, entre tantos outros, à coletividade que não coaduna  de  que este possa ser “o melhor caminho para aprimorar (o) conceito de cidadania” conforme  o ideário do projeto pedagógico que deveria nortear esse trabalho educativo.


Não fica evidente  que intentar desqualificar a opinião de mais de uma dezena de centenas de pessoas, ofendendo e difamando, determinando como restrita a um gueto, traz a semelhança com outro “caminho”, igual em prepotência, que ficou - felizmente - esquecido no passado graças ao seu totalitarismo ?


Indignado, na acepção do termo, resguardo a virulência das considerações, sobre  aquilo o que não poderia deixar de ser ético e sem agressões, quando confrontado com o exemplo proveniente  de onde deveriam  transmitir o sentido da liberdade de expressão, do conceito de cidadania e o respeito as diferenças.


Resta a esperança apregoada por Guimarães Rosa:

“ O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando”.


*http://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o_Educa%C3%A7%C3%A3o